16 julho 2012
Comportamento
Um artigo da Revista Veja, edição 1910, ano 38, nº 25, 22/06/2005, página24. Leia e reflita sobre o tema.
“Uma definição de felicidade”
Todas as profissões têm sua visão do que é felicidade. Já li um economista
defini-la como ganhar 20.000 dólares por ano, nem mais nem menos.
Para os monges budistas, felicidade é a busca do desapego. Autores de
livros de auto-ajuda definem felicidade como “estar bem consigo mesmo”,
“fazer o que se gosta” ou “ter coragem de sonhar alto”. O conceito de
felicidade que uso em meu dia-a-dia é difícil de explicar num artigo curto.
Eu o aprendi nos livros de Edward De Bono, Mihaly Csikszentmihalyi e de
outros nessa linha. A idéia é mais ou menos esta: todos nós temos desejos,
ambições e desafios que podem ser definidos como o mundo que você
quer abraçar. Ser rico, ser famoso, acabar com a miséria do mundo, casarse
com um príncipe encantado, jogar futebol, e assim por diante. Até aí,
tudo bem. Imagine seus desejos como um balão inflável e que você está
dentro dele. Você sempre poderá ser mais ou menos ambicioso inflando ou
desinflando esse balão enorme que será seu mundo possível. É o mundo
que você ainda não sabe dominar. Agora imagine um outro balão inflável
dentro do seu mundo possível, e portanto bem menor, que representa a sua
base. É o mundo que você já domina, que maneja de olhos fechados,
graças aos seus conhecimentos, seu QI emocional e sua experiência. Felicidade
nessa analogia seria a distância entre esses dois balões – o balão que
você pretende dominar e o que você domina. Se a distância entre os dois
for excessiva, você ficará frustrado, ansioso, mal-humorado e estressado. Se
a distância for mínima, você ficará tranqüilo, calmo, mas logo entediado e
sem espaço para crescer. Ser feliz é achar a distância certa entre o que se
tem e o que se quer ter.
O primeiro passo é definir corretamente o tamanho de seu sonho, o tamanho
de sua ambição. Essa história de que tudo é possível se você somente
almejar alto é pura balela. Todos nós temos limitações e devemos sonhar de
acordo com elas. Querer ser presidente da República é um sonho que você
pode almejar quando virar governador ou senador, mas não no início de
carreira. O segundo passo é saber exatamente seu nível de competências,
sem arrogância nem enganos, tão comuns entre os intelectuais. O terceiro é
encontrar o ponto de equilíbrio entre esses dois mundos. Saber administrar a
distância entre seus desejos e suas competências é o grande segredo da
vida. Escolha uma distância nem exagerada demais nem tacanha demais.
Se sua ambição não for acompanhada da devida competência, você se
frustrará. Esse é o erro de todos os jovens idealistas que querem mudar o
mundo com o que aprenderam no primeiro ano de faculdade. Curiosamente,
à medida que a distância entre seus sonhos e suas competências diminui
pelo seu próprio sucesso, surge frustração, e não felicidade.
Quantos gerentes depois de promovidos sofrem da famosa “fossa do
bem-sucedido”, tão conhecida por administradores de recursos humanos?
Quantos executivos bem-sucedidos são infelizes justamente porque “chegaram
lá”? Pessoas pouco ambiciosas que procuram um emprego garantido
logo ficam entediadas, estacionadas, frustradas e não terão a prometida
felicidade. Essa definição explica por que a felicidade é tão efêmera. Ela é
um processo, e não um lugar onde finalmente se faz nada. Fazer nada no
paraíso não traz felicidade, apesar de ser o sonho de tantos brasileiros.
Felicidade é uma desconfortável tensão entre suas ambições e competências.
Se você estiver estressado, tente primeiro esvaziar seu balão de ambições
para algo mais realista. Delegue, abra mão de algumas atribuições,
diga não. Ou então encha mais seu balão de competências estudando,
observando e aprendendo com os outros, todos os dias. Os velhos acham
que é um fracasso abrir mão do espaço conquistado. Por isso, recusam
ceder poder ou atribuições e acabam infelizes. Reduzir suas ambições à
medida que você envelhece não é nenhuma derrota pessoal. Felicidade
não é um estado alcançável, um nirvana, mas uma dinâmica contínua. É
chegar lá, e não estar lá como muitos erroneamente pensam. Seja ambicioso
dentro dos limites, estude e observe sempre, amplie seus sonhos quando
puder, reduza suas ambições quando as circunstâncias exigirem. Mantenha
sempre uma meta a alcançar em todas as etapas da vida e você será muito
feliz.
Stephen Kanitz é administrador por Harvard (www.kanitz.com.br)
Este texto foi extraido do fasciculo formação de professores, pró-letramento. Você pode baixar no site do portal.mec.gov.br/
Aproveite o dia!!!
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